“Olhe e veja se há dor como a minha dor, que veio sobre mim, com que me entristeceu o SENHOR, no dia do furor da sua ira!” (Lamentações 1:12).
É precioso para nós, ao pensarmos no Senhor Jesus em meio ao desprezo e a rejeição enquanto estamos aqui na terra, aprender um pouco daquelas coisas que deram profunda alegria ao Seu coração, e que O sustentaram nesse caminho. Vamos meditar sobre algumas delas.
1. Fazer a vontade do Pai
“Eis aqui venho; no rolo do livro está escrito de mim: Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu” (Salmos 40:7-8).
"Eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou" (João 6:38).
“Eu faço sempre as coisas que Lhe agradam” (João 8:29).
Aqui estava o motivo que O levou a deixar Sua gloriosa morada celestial, se tornar um Estranho "sem-teto" e sofrer, sangrar e morrer neste mundo pecaminoso. Ele se deleitou em fazer a vontade do Pai.
2. Buscar e salvar os perdidos
Ao cumprir a vontade de Deus, nosso bendito Salvador encontrou alegria especial ao buscar e salvar os pecadores perdidos. Quando, aos 30 anos de idade, Ele emergiu de Seu longo retiro no humilde círculo doméstico de Nazaré e iniciou Seu serviço e testemunho público, Ele imediatamente se identificou com o movimento tão distintamente “do céu”, evidenciado naquele maravilhoso reavivamento na terra, que levou multidões de pecadores culpados a irem até o Jordão para ouvir a pregação de João Batista, chamando-os ao arrependimento e declarando o conhecimento da salvação pela remissão de "seus pecados".
Guarde bem isso, esta foi a primeira aparição do Senhor para o mundo; e este, Seu primeiro ato público, é muito significativo, como intencionalmente demonstrando em que direção estão Seus interesses e Suas simpatias. Não foi com os poderosos, os "sábios" e os nobres, não com os hipócritas e os que se achavam justos, mas com os pobres, os quebrantados de coração, os cativos do pecado, os cegos e os oprimidos como Seu primeiro sermão declara expressamente (Lucas 4).
E quão magnífica é a alegre explosão do deleite do Pai, com o céu aberto, O aprova, quando Ele o contempla assim envolvido; enquanto no mesmo momento o Espírito Santo desce sobre Ele, e a voz é ouvida: “Tu és meu Filho amado; em ti me tenho comprazido” (Lucas 3:22).
Mais tarde, quando publicanos e pecadores, atraídos por Sua graça, se aproximaram para ouvi-lo, e os fariseus murmuravam contra Ele, dizendo: "Este homem recebe pecadores", podemos ouvir Sua defesa: “Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e não vai após a perdida até que venha a achá-la? E, achando-a, a põe sobre seus ombros, cheio de júbilo" (Lucas 15:4-5).
Ele era o Pastor, que, encontrando Suas ovelhas, as colocou nos Seus ombros, regozijando-se; mas não se regozija sozinho, pois quando volta para casa, chama seus amigos e vizinhos, dizendo-lhes: “Alegrai-vos comigo, porque achei minha ovelha perdida”.
Que possamos nos lembrar do que Jesus disse aos Seus discípulos, quando O encontraram sem comida depois de sua conversa coma pobre mulher no poço de Sicar. "Mestre, come", disseram a Ele; e Ele respondeu: "Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis". Como essas preciosas palavras nos deixam entrar um pouco na profunda e doce alegria que Ele teve ao trazer a salvação e a água viva para uma alma infeliz. Que possamos nos regozijar também com tais alegrias.
3. Revelar o Pai
Mas não foi apenas em buscar e salvar os perdidos que o Senhor encontrou alegria, mas também naquilo que está relacionado com o subsequente aumento e crescimento espiritual.
Em um dos períodos mais sombrios de Seu caminho terreno, quando Seu querido servo João Batista, cansado de uma longa prisão, começou a duvidar Dele, como mostrado na pergunta que Lhe foi enviada: “És tu aquele que havia de vir ou esperamos outro?"; nas cidades onde a maioria de suas obras poderosas foram realizadas, não se arrependeram; quando foi denunciado como um homem de gula e um bebedor de vinho, e um amigo de publicanos e pecadores; quando todas as coisas pareciam sombrias, hostis e tristezas pressionavam com força o Seu coração amoroso; Ele poderia então encontrar alguma alegria? LEIA!
“Naquela mesma hora, se alegrou Jesus no Espírito Santo e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve. Tudo por meu Pai me foi entregue; e ninguém conhece quem é o Filho, senão o Pai, nem quem é o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. E, voltando-se para os discípulos, disse-lhes em particular: Bem-aventurados os olhos que vêem o que vós vedes (Lucas 10:21-23).
O que Lhe deu alegria naquela hora escura?
Havia por um lado, a intimidade e a comunhão em que Ele mesmo caminhara com o Pai, que nenhuma influência adversa poderia tocar; e, por outro lado, a alegria de saber que o trabalho gracioso de trazer outros - as “criancinhas” - para essa intimidade era sem impedimento - uma obra na qual Ele e Seu Pai eram um. Crianças, podem ter pouco conhecimento, mas "conhecem o Pai", e isto é, afinal de contas, muito conhecimento. Mas, repare, Jesus se alegrou de que essas coisas abençoadas fossem reveladas para as criancinhas, enquanto os sábios e inteligentes deste mundo permaneciam nas trevas quanto a Eles. E Ele ainda se alegra por saber que você e eu devemos conhecer Seu Pai como nosso Pai e Seu Deus como nosso Deus, e que devemos nos aninhar em Seu íntimo. Que retiro doce e pacífico em meio às tempestades e estresse deste mundo pobre! Que possamos conhecer um pouco desta alegria que Jesus conhecia ao máximo.
4. Buscar uma noiva para Si
Mas, se fosse possível, o Senhor ainda tem uma alegria mais profunda em encontrar o tesouro, que estava escondido no campo (o mundo), “o qual”, para citar a passagem, "um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem e compra aquele campo” (Mateus 13:44). Este tesouro que o Senhor viu escondido no mundo, era a Igreja, que é formada por todos os Seus redimidos desde o dia de Pentecostes, e batizada por um só Espírito em um só corpo. É para Ele um tesouro tão grande que, pela alegria de obtê-lo, derramou o Seu sangue e comprou o campo; e, como a próxima parábola indica, a Igreja era para Ele como uma pérola de grande valor para o mercador, que, para tê-la, vendeu tudo o que tinha e a comprou. Assim, o bendito Senhor não apenas comprou o mundo por causa do tesouro, mas nos redimiu para Si mesmo pelo Seu sangue, para que Ele pudesse ganhar a Igreja para Si mesmo para sempre.
E se apressa o momento, quando Sua maior alegria não será mais uma perspectiva, mas Ele virá buscar Sua Igreja, que é Sua Noiva, pois ela, junto com Seu Pai, tem o lugar mais profundo em Seu coração. Muito antes do tempo começar a existir - antes de todos os planetas - o Pai deu a Igreja a Jesus: grande expressão de Seu amor por Ele. Ela é o objeto dos propósitos e conselhos de Deus, desde a eternidade passada, e está destinada a ser para o deleite e glória de Cristo para todo o sempre.
Quando a rebelião da raça de Adão culminou no assassinato do Filho de Deus, provando, sua falta de esperança e resultando em sua condenação, Deus começou, pelo poder do Espírito Santo enviado do céu no Pentecostes a formar a Igreja, reunindo todos que a formam, fora do mundo pelo evangelho, e unindo-os a Cristo exaltado como sua Cabeça.
É sobre a Igreja, composta de todos os remidos, que está escrito:
“Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível" (Efésios 5:25-27).
Ele a tem alimentado e amando-a, como a Seu próprio corpo, ao longo de sua triste e longa história, mas logo Ele virá - o dia de Sua paciência terminará: e com um brado de alegria - o alegre e arrebatador brado de esperança - Ele descerá do céu e irá reivindicá-la como Sua noiva. Então, em um momento, um piscar de olhos, os mortos ressuscitarão, os vivos serão transformados à Sua semelhança e encontrarão o Senhor nos ares (1 Tessalonicenses 4:16-17); e Ele levará a Igreja para o seu lugar destinado na casa do Pai, na glória celestial, para estar para sempre com o Senhor.
Aleluia! Que Deus desperte Seus santos para que vivam mais plenamente o amor e o desejo do Senhor por eles, de modo que, quando Ele diz: “Certamente, cedo venho”, a alegre resposta de seus corações possa ser “Amém! Vem, Senhor Jesus!
5. O mundo futuro
Hebreus 12:2 nos fala de mais uma alegria:
“Jesus... que pela alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”.
Isto, julgo eu, inclui tudo o que o Senhor Jesus estava para entrar como resultado de Sua ressurreição dentre os mortos, e Seu ser exaltado como Homem à destra de Deus, para se tornar o centro do universo - tudo aquilo que a igreja dos primogênitos, os espíritos dos homens justos aperfeiçoados (santos do Antigo Testamento), as hostes angelicais, Israel restaurado e a assembleia universal (Hebreus 12:22-23), cada um em seus respectivos modos e esferas, contribuem para, na “dispensação da plenitude dos tempos”, quando tudo no céu e na terra será governado pelo Senhor Jesus Cristo. Mas quem poderia limitar "a alegria que foi colocada diante Dele?" Que possamos olhar ainda mais para os novos céus e a nova terra, onde habita a justiça e onde Deus será tudo em todos.
6. A recompensa de Seus servos
Mas o Senhor terá ainda mais alegria em recompensar aqueles que foram fiéis a Ele em Sua ausência. Após o arrebatamento dos santos, haverá a manifestação na glória de todos, e “cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho”, “ou bem ou mal” (1 Coríntios 3:8-15; 2 Coríntios 5:10); e nos alegraremos todos em ver queimar tudo o que não teve Sua aprovação. Mas tudo o que tem sido o resultado do amor a Ele permanecerá, mesmo que seja apenas um “copo de água” dado por amor de Seu amado Nome, podemos ter certeza de que a recompensa nas mãos amorosas de nosso abençoado Mestre - que sempre ampliou, além do reconhecimento, o pequeno serviço de Seus pobres discípulos - excederá nossas expectativas mais elevadas.
Feliz mesmo será para aqueles que têm o privilégio de ouvir de Seus lábios as inspiradoras palavras: “Muito bem, servo bom e fiel... entra no gozo do teu Senhor”. (Mateus 25:21). É a alegria do próprio Senhor que o servo é chamado a entrar.
Que cada querido servo seja encontrado: em seu posto, buscando mais fervorosamente viver para Ele, até aquele dia brilhante em que ouviremos Sua voz nos chamando para Casa.
“Guie-me, ó Pastor com o lado ferido,
E mãos perfuradas
Para Tuas águas calmas.
Minha alma está cansada pela maré triste
Do mar negro do pecado:
Guie-me junto com você.
Levanta-me longe do grito febril da paixão
E lance fora
O orgulho que cega meu coração,
Com vergonha confessa,
Tuas canções de descanso tranquilo”
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